Rugby é apresentado aos alunos de EMEB José Augusto Moreira e faz reduzir índice de ocorrência escolar na unidade

Uma manhã incrivelmente ensolarada iluminava o verde campo de futebol localizado no bairro do Lago Azul, que foi recentemente inaugurado pela prefeitura. Com gramado, o antigo terrão serve agora como local para grandes partida de Rugby, em que os alunos da EMEB José Augusto Moreira disputam com muita garra o jogo final entre as equipes da escola. Veja fotos das partidas.

A modalidade, adaptada do esporte original, não tem por objetivo pegar a bola como acontece normalmente, mas sim, o colete que fica pendurado nos alunos. Aquele que tivesse com a bola nas mãos e perdesse o colete, era como se estivesse perdido a posse de bola, que se tornaria do time adversário. Passar pelo gol com a bola grudada no corpo e o colete na cintura é o grande motivo de comemoração e de muita vibração.

No Brasil o esporte não tem a partida transmitida pela televisão em um domingo, às 16h, como o futebol, o famosinho entre as crianças, mas tem direito a torcida na arquibancada, bons momentos, e interação entre os jovens, meninas e meninos dos 3º, 4º e 5º anos da EMEB.

Força, determinação, vontade, respeito, tudo isso são ingredientes perfeitos dentro de campo para uma grande diversão e aprendizado. Era uma mistura de alegria e sorrisos gratuitos.

Durante a partida, os pequenos exercitavam movimentação, posicionamento, explosão, velocidade, entre outros fundamentos deste esporte. Mas, além disso tudo, a modalidade faz é bem pra alma, gastar toda energia em campo e de forma boa, leve, e descontraída.

Um combo de sentimentos, é isso que se pode dizer da aula promovida pelo professor de Educação Física, Marcelo Zampolli.

Ele incentivou os alunos desde o início do seu projeto de trazer o Rugby, esporte originário na Inglaterra, para combater a violência no bairro e vem dando certo.”Há quatro anos eu já planejava, desde que estou na rede municipal. Há uns dois anos fiz uma iniciação com alguns alunos, mas não foi tão intenso igual agora. Aí, recentemente conseguimos o campo para fazermos um jogo de melhor contato, pois a quadra da escola machuca na hora da queda, e o campo amortece, o que deixa o jogo mais dinâmico. Está dando muito certo”, afirmou o mentor do projeto em Franco.

Marcelo também explicou que na hora de colocar a atividade em prática, a preocupação com o contato físico entre as crianças foi levada em consideração. “A atividade foi adaptada para que não houvesse um contato muito forte. Então, o aluno visa o colete do jogador e quem está com a bola, não o jogador em si (corpo)”.

As dificuldades de aplicar uma nova modalidade aos alunos, que não é tão conhecida no Brasil, também foi destaque na fala do professor Marcelo. “O que senti de dificuldade deles foi com relação a adaptação a bola, por exemplo, como receber e como conduzir ela. Esse trabalho foi só no início, mas hoje eles já conseguem fazer esse movimento, tanto de recepção quanto de condução, o que dá mais dinâmica ao jogo”.

Destaque do time feminino que entrou em campo, N.N. dos Santos, aluna do 5º ano comentou sobre a participação no jogo final. “Foi muito bom. É bem divertido e eu gostei bastante. Não senti medo e o bom é quando você entra no gol”, afirmou a atleta, que marcou dois gols para sua equipe e conseguiu a vitória.

Também com fome de gol, a aluna F.A sempre está na linha de frente para tentar deixar um golzinho. “Esse esporte é muito legal e divertido, foi muito bom descobrir ele. Indicaria para outras crianças. No jogo, eu sempre fico na frente pra fazer o gol”. Afirmou ela que deixou sua marca na partida, após fazer um gol e ajudar seu time.

Outra aluna, S.V.M, também do 5º ano, falou sobre a descoberta da modalidade. “É diferente, não conhecíamos e acabamos descobrindo esse esporte. Acredito que até ajudou a melhorar as brigas na escola”.

Era esse, exatamente, um dos objetivos da unidade ao promover o Rugby, conforme contou o coordenador da escola, Geoge Henrique. “Esse projeto partiu da iniciativa do professor Marcelo Zampolli, quando em uma reunião identificamos que no Lago Azul tínhamos um índice muito alto de violência. Os alunos tinham costume de responder qualquer coisa com agressão. Foi quando o professor Marcelo (na foto abaixo ao lado da aluna) citou um exemplo que ele viu no filme Invictus, em que Morgan Freeman representava Nelson Mandela, que conseguiu vencer a barreira do Apartheid com o Rugby, no campeonato mundial. O Marcelo gosta desse esporte e conhece bem, foi quando começamos a encarar esse desafio, como uma forma de encerrar com a violência na escola”.

Para implantar o novo esporte, o trabalho foi incansável, mas as barreiras logo apareceram. De primeiro momento, a dificuldade foi comprar uma bola e ir em busca de recursos. Segundo o coordenador, o projeto foi apresentado para a diretora que fez um esforço e conseguiu o material que o professor precisava.

Já a segunda etapa foi conseguir o uso do campo, recém-inaugurado pela prefeitura. “O professor Marcelo é um morador antigo do bairro, e ele se dispôs a conseguir. Procurou a Associação dos Moradores, apresentou o projeto que tinha preparado e os objetivos. Eles toparam e acharam esse trabalho importante para a comunidade. Reconheceram a seriedade do projeto e autorizaram o uso do campo para as partidas de Rugby”, contou George.

A próxima etapa para fazer o projeto caminhar foi a de identificar o público-alvo, sendo escolhidos os alunos dos 3º, 4º e 5º anos da unidade. “Ele iniciou o projeto falando sobre os fundamentos com aulas teóricas, explicando a questão principalmente do uso da energia e a forma positiva de gastá-la. Os alunos eram orientados a pensar estratégia de jogo, posicionamento e usar a explosão que tinham o embate, para uma arrancada, para o drible, para se defender de um ataque, não para brigar”.

Ao ver a partida final acontecendo, de olhos brilhando, George analisou o trabalho dos alunos em campo. “É muito bom ver na prática o posicionamento deles, as arrancadas, eles vibrando com o gol e realmente levando a sério o que estão fazendo, o que é muito importante”.

Logo, pôde-se notar a diferença da postura e comportamento dos estudantes na EMEB. “Com isso, professor Marcelo começou a conscientizar os alunos que estavam mais vezes na nossa direção sendo advertidos, para que eles focassem em usar essa energia no jogo. Para a nossa surpresa, eles começaram a se destacar nas partidas, são os mais comprometidos com o professor, os que mais ajudam e pararam de ir para a diretoria. Nosso objetivo do projeto vem sendo atendido”.

O artilheiro da partida com três gols pelo time masculino, B.V, era um dos alunos que dava bastante trabalho na unidade. Ele falou sobre as diferenças entre a modalidade que estava acostumado, o futebol, e o Rugby. “Eu só jogava futebol antes, aí tenho que me adaptar que não tem goleiro, não tem quatro jogador na linha, mas sim sete, tem que correr com a bola na mão e não no pé”.

O jogador da EMEB José Augusto também vê uma mudança de postura. “Mudou, é legal, pois paramos de um xingar ao outro, brigar com o outro. Temos mais respeito”.

Os números também mostram a mudança

O novo esporte que tomou conta do campo do Lago Azul atende cerca de 500 alunos da EMEB José Augusto Moreira. Eles revezam entre si para que a diversão e aproveitamento sejam garantidos a todos.

Ainda segundo George, nas reuniões de trabalho com a equipe gestora, já foi possível ver a mudança em números absolutos. “Fizemos um levantamento do número de ocorrência de violência e percebemos que caiu 83%, o que mostra o sucesso deste projeto do professor Marcelo que, em um bairro carente como o Lago Azul, com uma iniciativa de trazer um esporte diferente, despertou o interesse dos alunos e da comunidade que muito apoia”.

O esporte trouxe também um impacto positivo no bairro. “Todos estão vendo que aqui o direcionamento que está sendo dando para os filhos de cada um, tem sido sensacional. Estamos colhendo muitos frutos e tem sido motivador para novas praticas de outros professores, por meio da visibilidade que é possível com o Blog da Educação. Em nome da diretora Elaine, agradecemos também por essa ferramenta, pois nele é possível mostrar os trabalhos pedagógicos, sendo motivador de várias praticas nossas, como essa do Rugby”.

(Texto: Ewerton Geniseli – Foto: Orlando Junior)


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