Professores da rede municipal recebem formação da Fundação Dorina Nowill para Cegos

No último dia 25, os professores e diretores da rede municipal de educação estiveram na Secretaria da Educação, participando de uma formação ministrada pela Fundação Dorina Nowill para Cegos.

A organização sem fins lucrativos, que leva o nome de sua idealizadora, trabalha há mais de 70 anos para inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão.

O objetivo principal da capacitação foi proporcionar aos professores, diretores e coordenadores pedagógicos, mecanismos para serem utilizados na inclusão de alunos cegos, criando maior independência e autonomia no processo de aprendizado nas salas comuns do ensino regular.

A formação

Ministrada pela presidente do conselho curador da fundação Dorina Nowill, Ika Fleury, e pela Profa. Dra. Cícera Malheiro, representante da Universidade Estadual Paulista (UNESP), a formação apresentou de maneira lúdica e interativa as necessidades cotidianas das crianças cegas ou com baixa visão, evidenciando diferentes possibilidades de incorporar à prática pedagógica conceitos que colaborem para o aprendizado e garantam a participação escolar, principalmente para crianças em fase de alfabetização.

A Fundação Dorina Nowill se uniu a UNESP, por meio do Centro de Promoção Inclusão Digital Escolar e Social (CPIDES) para criar uma plataforma online mais extensa, com mais informações e acesso a fóruns de debate, discussão e disseminação do conhecimento. A plataforma oferecerá um curso com o total de 180 horas para os professores da rede.

Neste ambiente virtual, os professores terão acesso a ferramentas metodológicas que facilitam a aprendizagem de crianças cegas e que promovam a interação em sala de aula. Uma delas é o Sistema Braille, método baseado na combinação de seis pontos em relevo, que permite a representação do alfabeto e dos números, da simbologia matemática, fonética e musicógrafa.

Parceria

A união com a prefeitura de Franco da Rocha teve início no ano passado, em outubro, a Fundação Dorina Nowill fez uma visita à EMEB Nilza Dias Mathias para apresentar orientações sobre o Sistema Braille, além de outros mecanismos de inclusão. A unidade possui um aluno cego e outros com baixa visão.

Assim, a parceria cresceu e, neste ano, por meio da Secretaria da Educação, resultou na formação oferecida aos professores da rede municipal.

Regina Speratti, diretora da Emeb Nilza Dias, conta que a participação no curso foi muito importante. “O trabalho de sensibilização que nós recebemos foi uma experiência incrível e é fundamental para conhecermos e criarmos esses mecanismos de alfabetização para as crianças cegas, até mesmo para integrá-las com as crianças videntes em sala de aula”, relatou.

Trabalhando a autonomia

Segundo Ika Fleury, um dos equívocos de quem lida com pessoas cegas é não estimular a independência. “É importante que os profissionais da educação ofereçam autonomia às crianças e que estimulem a participação delas em brincadeiras e atividades que todos na sala de aula possam fazer juntos. Para isso é de extrema importância transportar o professor para o universo do aluno.

Uma das dinâmicas realizadas pelo grupo consistia em dividir os participantes em pares, sendo que um deles permanece com os olhos vendados e precisa executar atividades do dia a dia, como subir e descer escadas; o outro tem a missão de auxiliar o companheiro, como um guia, tomando cuidado para preservar a independência das pessoas que não enxergam.

Ika também frisou as disparidades entre baixa visão e cegueira, que acarretam em diferentes situações e necessidades dos alunos. Para conhecer esses aspectos os professores utilizaram óculos especialmente adaptados que exibiam diferentes graus de visão, de acordo com cada patologia. “Algumas crianças poderão realizar as tarefas escolares com pouca dificuldade sem qualquer ajuda e outras necessitarão de auxílios, sejam ópticos, materiais visuais, auditivos e táteis, como o braille. Precisamos apresentar os métodos disponíveis aos professores”, explicou.

“Esperamos que hoje com essa formação, nós da fundação, tenhamos despertado nos professores a capacidade de enxergar nas crianças cegas e com baixa visão, não uma deficiência, mas um número infinito de possibilidades de aprendizado”, encerrou Ika.

(Texto: Luana Nascimento – Foto: Equipe Educação/Fundação Dorina Nowill)