Conto “Maria e as Doze Flores” leva para crianças franco-rochenses o poder da empatia em meio ao Complexo Hospitalar do Juquery
Timidez, insegurança e medo são sentimentos que regem o desconhecido em diversas situações. Saber lidar com, momentos que estão fora da nossa zona de conforto não é tão simples quanto parece. Mas e se tivéssemos a gentileza e um sorriso como melhor alternativa para ultrapassar essa barreira?
Essa aposta é colocada à prova no conto de “Maria e as Doze Flores” que se passa no maior patrimônio histórico de Franco da Rocha, o Complexo Hospitalar do Juquery. A obra, direcionada ao público infanto-juvenil, é de Amara Hartmann, que tem 26 anos e mais de uma década dedicada à arte.
Amara criou o protejo, produziu e o inscreveu na Lei Aldir Blanc (14.017/2020) que dispõe sobre ações emergenciais destinadas ao setor cultural diante do estado de calamidade pública causada pela pandemia da Covid-19, onde foi contemplado meses depois.
“Eu não tive nada que me ensinasse sobre o Juquery na escola, talvez por ser um assunto muito enigmático. Mas para as crianças, nós conseguimos falar tudo se dermos um jeitinho de tornar aquele assunto uma linguagem de interesse para elas. E foi aí que escolhi mostrar que Franco da Rocha também tem arte e algo para passar para as crianças”, explica a escritora.
Em “Maria e as Doze Flores” acompanhamos a história da pequena Maria, uma criança que todos os dias ia ao Hospital Psiquiátrico do Juquery com sua mãe, Dora. A personagem ficava na creche, enquanto a mãe trabalhava no hospital. Nos seus dias pelo Juquery, ela sentia muito medo de passar pelos pavilhões onde os pacientes ficavam, e foi então que, com muita coragem, ela descobriu nas flores o poder da empatia e do carinho pelo próximo.
A estória da protagonista é inspirada na vida da mãe de Amara, Lélia Hartmann, que estudou na creche do Juquery e também acompanhava sua mãe, avó de Amara, Maria Aparecida Hartmann, que trabalhou como enfermeira no hospital por 34 anos.
“Por ser filha única, eu sempre tentei me distrair para não ficar sozinha e, na maioria das vezes, minha distração era por meio da arte, da leitura e da criação. Ao escutar as histórias de minha mãe e avó, pensei que muitas crianças poderiam se interessar por um conto que fizesse parte do Juquery”, ressaltou.
Durante a pandemia, Amara voltou a morar com os pais e despertou o desejo de se conectar ainda mais a Franco da Rocha, onde sua família criou raízes e tem uma forte ligação. Revivendo a infância ao dormir no quarto de quando era criança, a autora lembrou-se dos textos que escrevia aos dez anos com recortes de revistas e jornais.
“Vendo minhas escritas antigas, lembrei do quanto a leitura para a criança. Trabalhar esse lado delas é uma maneira extremamente efetiva criar um vínculo de respeito e valorização com um patrimônio tão importante como o Juquery”, recorda Amara.
Além do livro, a escritora também disponibilizou no YouTube dois vídeos com técnicas de escrita criativa e a contação da história de “Maria e as Doze Flores”, veja nos links:
MARIA E AS DOZE FLORES | Aula de Escrita Criativa – https://www.youtube.com/watch?v=vjwnKuemy28
MARIA E AS DOZE FLORES | Contação de História – https://www.youtube.com/watch?v=eQ3tei02TY8
Os livros de “Maria e as Doze Flores” foram distribuídos pelos principais equipamentos culturais do município como a Casa de Cultura Marielle Franco, o Centro Cultural Newton Gomes de Sá e o Museu Osório Cesar. Os estoques para distribuição já esgotaram. Na próxima fase, a obra será trabalhada com professores e alunos da rede municipal de educação.
Texto: Jorge Henrique Ramos – Foto: Orlando Junior