Infectologista da Prefeitura, Paulo Antonio Friggi, explica os riscos das novas variantes da Covid-19

Desde o início do ano, o aumento de contaminações pela Covid-19 em todo o país e a alta no número de mortes pela doença são justificados, em parte, pelas novas variantes da doença.

Até o momento, são consideradas variantes preocupantes as do Reino Unido (B.1.1.7), do Brasil, com origem em Manaus (P.1) e da África do Sul (B.1.351 ou 501.V2), todas já circulam pelo país.

Segundo o médico infectologista da Prefeitura, Paulo Antonio Friggi, essas mutações já eram esperadas, visto que, como toda doença viral, ao entrar em uma célula, o vírus se replica, ou seja, copia-se para se espalhar. A cada replicação, ocorrem erros na cópia do genoma, que podem ter um impacto mais ou menos importante no comportamento do vírus.

Quanto mais o vírus circula e se replica dentro de seres humanos, maior a chance de gerar novas versões. Os estudos relacionados ao comportamento das mutações ainda estão em andamento, no entanto, já sabe-se que a variante brasileira, por exemplo, chamada de P1, tem maior capacidade de transmissão.

Desta forma, à medida que a vacinação da população avança, surgem dúvidas acerca da eficácia das vacinas sobre essas novas variantes, se os testes disponíveis atualmente reconhecem as mutações e se elas já foram identificadas na região. Dr. Paulo Friggi responde às principais perguntas sobre o assunto. Confira:

– O que é uma variante da Covid-19?
São alterações no material genético do vírus em comparação ao original surgido lá na China, em 2019. Essas alterações são comuns e, se fossemos comparar com seres humanos, poderíamos dizer que seriam as mesmas variações na cor dos olhos e dos cabelos das pessoas. Ou seja, são alterações genéticas normais dentro do vírus.

– Como surge uma nova variante do vírus?
As variantes surgem de acordo com a replicação do vírus, quanto mais ele se replica, é provável que haja pequenas alterações nesse material genético. Como o Coronavírus está disseminado pelo mundo, todas as pessoas estão suscetíveis a ele e houve uma facilidade muito grande de replicação, é natural que apareçam mais mutações.

– Essas novas variantes são mais perigosas ou mais letais?
Não necessariamente. Podemos dizer que a variante brasileira, por exemplo, chamada de P1, é mais transmissível, mas ainda não há estudos que apontem para uma doença mais grave. Isso se aplica às outras variantes que já foram detectadas no mundo.

– Quando surgiu a doença, em 2019, já eram esperadas novas mutações?
Sim, como toda nova doença viral, que permanece por um longo tempo e que a população ainda não tem imunidade protetora contra ela, é esperado que surjam bastante variações.

– Já temos casos de variantes na região?
Sim, recentemente a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou um inquérito sorológico que apontou que mais de 50% das infecções na região da Grande São Paulo estão relacionadas à variante brasileira chamada P.1., detectada inicialmente em Manaus. Também já foram documentadas as variantes B.1.1.7, do Reino Unido e a variante surgida inicialmente no Rio de Janeiro, a P.2. circulando em nossa região.

– As vacinas funcionam contra as novas variantes?
Os estudos preliminares indicam que sim. Das duas vacinas contra a Covid-19 que utilizamos no Brasil, tanto a Coronavac quanto AstraZeneca têm eficácia contra a variante P.1. No caso da Coronavac, inclusive, há estudos que apontam 50% de eficácia contra a variante brasileira.

– Como identificar uma nova variante?
Essas variantes são identificadas através de estudos de sequenciamento genético do vírus. Não é um exame de rotina, é um exame que se faz por amostragem nos laboratórios de referência.

– Os testes que são utilizados hoje, o RT-PCR e o sorológico, identificam as variantes?
Não, os testes convencionais só identificam a infecção pelo Coronavírus, não sendo capazes de identificar as variantes. Para isso, é necessário fazer o sequenciamento genético do vírus, que é feito por amostragem.

– A infecção por uma variante causa sintomas diferentes?
Não, os sintomas relacionados são os mesmos.

– As variantes estão aparecendo mais rápido que o esperado?
As variantes estão surgindo de uma forma que tem acompanhado a velocidade de incidência da doença. Quanto maior a incidência da doença, mais variantes aparecem. Então está dentro do esperado.

– O que fazer para desacelerar o surgimento de novas variantes?
Manter as mesmas medidas de proteção utilizadas atualmente para diminuir a circulação do vírus. Essa é a melhor maneira de frear o surgimento de novas variantes: higienização das mãos, distanciamento social, uso de máscaras e a vacinação, diminui naturalmente o aparecimento das variantes.

Texto: Luana Nascimento – Arte: Dalmir Junior


Publicada em
Desenvolvido por CIJUN
ATENÇÃO!
A partir das 16h de sexta-feira (28/06), o sistema tributário da Prefeitura de Franco da Rocha passará por uma manutenção e estará inoperante até o dia 01 de julho (segunda-feira). A emissão de nota fiscal de serviços não será afetada, no entanto pode haver instabilidades.
Para emitir Nota Fiscal de Serviço a partir de 01/07
Para fechamento do movimento mensal ou eventuais cancelamentos de notas fiscais e declarações referentes ao mês de 06/2024 acesse:
A previsão de normalização é terça-feira (02).