DENOMINAÇÃO DO CENTRO DE RECURSOS E APOIO À EDUCAÇÃO ESPECIAL – CRAEE

LEI Nº 881/2012
(23 de novembro de 2012)

Autógrafo nº 052/2012
Projeto de Lei nº 044/2012
Autor: Executivo Municipal

Dispõe sobre: “Denominação do Centro de Recursos e Apoio à Educação Especial – CRAEE””.

FAÇO SABER que a Câmara Municipal aprovou e eu, MARCIO CECCHETTINI, na qualidade de Prefeito do Município de Franco da Rocha, promulgo e sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º. Fica o Centro de Recursos e Apoio à Educação Especial, denominado “Profª LUIZA SIHLER BORCHERT”, cuja biografia será parte integrante desta Lei.

Art. 2º. As despesas decorrentes da execução da presente Lei correrão à conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas, se necessário.

Art. 3º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Prefeitura do Município de Franco da Rocha, 23 de novembro de 2012.

MARCIO CECCHETTINI
Prefeito Municipal

Publicada na Secretaria Municipal de Administração e Assuntos Jurídicos da Prefeitura do Município de Franco da Rocha e cópia afixada no local de costume, na data supra.

SANDRO FLEURY BERNARDO SAVAZONI
Secretário Municipal de Administração e Assuntos Jurídicos

Biografia de:
LUIZA SIHLER BORCHERT: a pedagogia do cuidado

Luiza Sihler Borchert (1921-2011) merece ser lembrada, principalmente, por sua dedicação ao próximo. Enquanto professora ou diretora de escola, esposa, mãe ou avó, ou ainda membro ativo de grupos sociais diversos, essa foi a característica mais marcante de sua personalidade.
A trajetória de vida da educadora Luiza configura as bases de uma pedagogia do cuidado – cuidado aqui empregado tanto como substantivo, significando atenção especial, zelo, preocupação, responsabilidade…, quanto adjetivo, entendido como benfeito, tratado, previsto, pensado…
Ao mesmo tempo firme e tolerante em suas relações pessoais, ela distribuiu amor por onde passou e traduziu em sua prática diária a fé cristã que abraçou ainda menina. Tal combinação de energia, paciência e atenção, sustentada por valores religiosos e um comportamento ético, contribuiu na formação de pessoas melhores, cidadãos participantes. Esse o seu legado mais importante, como podem atestar familiares e amigos de todos os graus com os quais conviveu nas cidades de Campinas, Pirassununga, Piraju, Pederneiras, Franco da Rocha, São Paulo, Arujá, Tatuí, Florianópolis…
Em seus últimos anos, já viúva desde 1991 e vivendo na capital catarinense, Luiza visitava regularmente idosos, escolas e creches, onde contava histórias que alegravam a vida das pessoas.
Morreu em 4 de dezembro de 2011, aos 90 anos de idade, deixando a filha Cristina Luiza, também educadora, o filho Roberto (adotado), os netos Gabriela, Daniel e Olavo, e os bisnetos Rafaela e Nicolas. E também este testemunho que, de certo modo, sintetiza sua rica existência:
“Hoje acordei pensando, pensei sonhando, sonhei cantando, cantei chorando, chorei sorrindo, sorri lembrando a dura lida da minha vida, que valeu viver!” (LSD)

TRAJETÓRIA DE VIDA
Luiza Sihler Borchert nasceu aos 13 de setembro de 1921 em Campinas, interior paulista. Foi a segunda filha de três irmãos: Hilde eraa primogênita e João, o caçula. Seu pai, Gotthilf Sihler, alemão naturalizado brasileiro, aqui foi tipógrafo, livreiro, secretário, professor e diretor de uma escola alemã em Campinas. Sua mãe, Cristina Albertina Zink Sihler, brasileira, vinha de uma família de missionários luteranos que fundaram igreja e escola em Campinas e em Rio Claro.
Em 1940 ela terminou o curso Normal na Escola Carlos Gomes, em Campinas, onde também depois cursou Letras Anglo-Germânicas, concluindo este em 1947. Antes mesmo de se formar professora licenciada em inglês, português e latim, Luiza já ministrava aulas de inglês em escolas comerciais a fim de ajudar a família naqueles difíceis tempos de guerra.
Ao se tornar professora efetiva da rede estadual de ensino, Luiza iniciou uma carreira no magistério que duraria 30 anos. Assim, em 1948, viajava diariamente de Campinas a Pirassnunga para ensinar inglês aos alunos dos então cursos Ginasial e Colegial (hoje 1º grau/2ª fase e 2º grau). Ficou um ano lá e mudo use em 1949 para Piraju, cidadezinha situada num desvio da Estrada de Ferro Sorocabana – a última estação dessa companhia no Estado de São Paulo. Seu sobrenome ainda não incluía “Borchert”… Pederneiras veio na sequência e lá ela permaneceu entre 1952 e 1954. Foi nessa época que ela se casou com o professor e engenheiro eletrônico alemão Guenter Borchert. A data: 13 de dezembro de 1953. Dessa união nasceu depois, em 1956, a filha Cristina Luiza – o filho Roberto foiu adotado pelo casal mais tarde, em 1978.
A próxima cidade na trajetória profissional de Luiza, agora com sobrenome Sihler Borchert, foi Franco da Rocha, onde permaneceu de 1955 a 1961 lecionando no Ginásio Estadual Benedito Fagundes Marques.
Em Franco da Rocha a professora Luiza participou da formação da primeira turma de alunos do “Cientifico” em 1959, da qual foi Paraninfa.
O passo seguinte foi São Paulo, a partir de 1962, no Colégio Estadual José Cândido de Souza, no bairro do Sumaré.
Na Capital Paulista Luiza aproveitou para avançar nos estudos superiores. Formou-se em Pedagogia em 1973, nas habilitações de Orientação e Administração Escolar, e logo assumiu a direção do colégio onde lecionava, onde permaneceu trabalhando até sua aposentadoria, em 1978.
De personalidade dinâmica e vida sempre ativa, Luiza sempre gostou de contar histórias, o que fazia para seus alunos, para seus filhos quando pequenos, e depois para seus netos e bisnetos. Embalada por esse prazer, em 1998, já vivendo em Florianópolis, ela realizou um velho sonho e frequentou, no Núcleo de Estudos da Terceira Idade, na Universidade Federal de Santa Catarina, o curso de especialização Contadores de Histórias.
A partir de então, ela entregou-se de corpo e alma ao trabalho de coordenação de um grupo de terceira do Centro de Lazer Corações Alegres, em Florianópolis. Uma das muitas atividades desse pessoal era (e tem sido) levar alegria a idosos, creches e escolas por meio do relato de histórias instrutivas e divertidas. Luiza já contava com 80 anos de idade quando começou a aprender com seus netos, em especial Olavo, a usar o computador e a internet para se comunicar com mais rapidez e mais frequentemente com amigos e familiares espalhados pelo mundo. Passou a escrever crônicas sobre sua própria vida e as de seus familiares, além de pequenas peças teatrais para serem encenadas pelo grupo de terceira idade.
De seus muitos escritos, quatro contos foram publicados: “A minha vida”, em 1998, no Concurso Literário para a Terceira Idade, de contos, poesias e crônicas; “A guerra de Mrs. Ann”, em 2000, na coletânea 500 Outonos de Prosa e Verso, de contos, poesias e crônicas; “O casamento da minha avó”, em 2001, no livro Emoções, de contos, poesias e crônicas; e “O dia de amassar uvas”, em 2002, no livro Reverberações, de contos, poesias e crônicas.

CARTA A EX-ALUNOS
Em carta a ex-alunos datada de 11 de março de 2007, Luiza Sihler Borchert escreveu:
Foi emocionante, de repente, ter a certeza de que o amor semeado durante tantos anos caiu em terras tão férteis que eu posso me sentir uma “mãe realizada”. Como lutei ao lado de minha filha, e depois de meus netos, para que conseguissem ocupar condignamente um lugar na sociedade!
Mentalmente, imagino como vocês também lutaram para que hoje pudessem ser as pessoas (homens e mulheres) vencedoras que são. Percebo que todos vocês venceram, das mais diferentes maneiras, dentro de suas possibilidades e dos seus dons recebidos. E todos se conservaram honestos em seus princípios fundamentais.

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