Gilmara Aparecida, de 49 anos, passou pelo câncer de mama. Hoje ela conta como descobriu o diagnóstico e como enfrentou a fase do tratamento

Gilmara Aparecida de Oliveira, de 49 anos, trabalha há 23 anos na Prefeitura de Franco da Rocha, na Diretoria de Atenção. Sempre atuando na área da saúde, ela já trabalhou em posto de saúde, no faturamento do estado e faturamento do RH.

Quem a vê hoje, esbanjando alegria, nem imagina o drama que sofreu há seis anos, quando foi diagnosticada com câncer de mama.

Em entrevista, Gilmara conta como descobriu a doença e fala sobre seu tratamento até conseguir a cura.

Entrevista e foto de Paloma Cristina

Como você descobriu que estava com câncer?
Gilmara: Foi num mutirão da saúde realizado pela Prefeitura. Eu tinha 42 anos e a princípio eu não queria fazer a mamografia porque não sentia nada e sempre me fazia o exame do toque, nunca sentia nenhum nódulo nos meus seios. Bem, decidi fazer e foi detectado o câncer na mama direita. Logo após o hospital me ligou para repetir o exame e foi informado que eu estava no nível 4, considerado um câncer avançado. Acredito que foi Deus que colocou na minha cabeça para fazer o exame naquele dia.

Como você ficou quando recebeu o diagnóstico? O que sentiu?
Gilmara: Não senti nada na hora não, porque estava confiante que não era maligno.

Qual era a sua maior preocupação no momento em que te deram a notícia?
Gilmara: De cair o meu cabelo, em 99% das mulheres a maior preocupação é a queda do cabelo. Durante o meu tratamento fiquei só com os cílios e a sobrancelha, o resto caiu tudo. No dia 04 de outubro fez seis anos que eu cortei o resto do meu cabelo, foi no dia do meu aniversário, ele caiu todo de uma vez. Eu dormi com o cabelo preso e acordei com ele pela metade, peguei uma tesoura e cortei. Naquele dia todo mundo em casa chorou.

Quais foram os passos tomados após o recebimento do diagnóstico?
Gilmara: Fui encaminhada para São Paulo, na Santa Casa. Lá comecei a fazer a quimioterapia vermelha*, eles falam que é a pior que tem, eu fiz seis sessões de 21 em 21 dias. Logo após eu fiz a radioterapia, que foram trinta sessões durante todos os dias. Quando chegou na segunda quimioterapia eu já estava careca.

Em que momento do tratamento você se encontra agora? Quais tratamentos você já realizou?
Gilmara: Tive alta, mas como os médicos dizem “curada nós nunca estamos”. Então de seis em seis meses tenho que fazer os exames de mamografia, de sangue, densitometria óssea, etc, qualquer coisa de anormal, tenho que procurar o médico para ver o que está havendo. No momento estou curada e os meus exames estão todos normais.

Existem casos de algum tipo de câncer em sua família?
Gilmara: No meu caso eu fui a sorteada da família, Mega-Sena a gente não ganha, mas neste caso fui a grande sorteada (risos).

Em sua opinião, qual foi o tratamento mais difícil? Por quê?
Gilmara: Foi a quimioterapia, eu não fiquei tão mal porque eu segui certinho o que o médico dizia. Teve uma vez que ele falou pra mim, “olha Gilmara para você ficar bem, você tem que se alimentar mesmo não estando com fome, se tiver enjoo você continua comendo. Tem que beber e tomar muito líquido e se tiver condições tome água de coco”. Então eu levava água de coco durante a quimio e comia mesmo não estando com fome, não tive imunidade baixa em nenhum momento este é o segredo, já que se sua imunidade estiver baixa você não recebe a quimio, porque ela é muito pesada. (Neste momento ela mostrou as veias dos braços, todas ficaram secas devido ao tratamento). É muito medicamento no dia da quimio são seis bolsas, a primeira é metade de um soro para limpar a sua veia, depois vem um anti-inflamatório, depois os antibióticos, depois vem a quimio, e também o remédio para a náusea. Então eu ficava lá das 7h da manhã até às 16h.

Você teve efeitos colaterais?
Gilmara: Tive enjoo e sua pele fica meio amarelada. Lembro que quando fiz a rádio, saiu uma bolha da minha mama e ficou em carne viva, a minha ex-diretora falou assim. “Pega uma salsinha, maceta, coloca sobre a ferida e faz o curativo” em três dias não tinha mais nada na mama. E isso eu compartilho até hoje para quem passa pelo câncer de mama.

O que foi fundamental e lhe ajudou a enfrentar o câncer?
Gilmara: Sem dúvidas a família e os amigos. Minha família sempre perguntava se eu tinha me alimentado, eu falava que não e eles diziam que se eu não comece eles dariam na minha boca. E, principalmente, a alegria de querer viver. Tinha vez que eu fazia a rádio de dia e ia pra balada à noite (risos).

Qual a importância da informação durante o tratamento de um câncer?
Gilmara: Como dizem, procuramos sempre o “doutor” Google. Nesta hora ele ajuda e atrapalha, eles colocam uma coisa de outro mundo conforme você fosse morrer mesmo, tem site que você entra e era melhor nem ter entrado. (risos)

Como está a sua vida hoje?
Gilmara: Ótima, casei de novo, conheci uma pessoa durante o tratamento, mesmo usando peruca e estou com ele até hoje, ele foi essencial durante esta fase, estou muito feliz.

Que orientações você daria para alguém que está recebendo o diagnóstico de câncer hoje?
Gilmara: Não desista do tratamento, siga a risca e não se isole, se reúna com a família e os amigos. Quem já teve câncer, corre o risco de ter novamente, por isso é importante fazer os exames constantemente, não largar o tratamento em nenhum momento. Eu tomei por cinco anos um remédio, que não podia deixar de tomar nenhum dia e sempre tomava no mesmo horário. E o fundamental ouça seu médico.

Aqui em Franco você acha que as mulheres estão procurando realizar exames de mamografia?
Gilmara: Muito, nos eventos do Franco em Ação (atividade da prefeitura que leva atendimento à saúde, entre outros serviços, para os bairros) tem muita procura, principalmente para as mulheres que não saem de casa pra nada, é muito importante que ele continue tanto para exames como mamografia e para o papanicolau. O câncer esta aparecendo em pessoas cada vez mais jovens, por isso a importância dos exames. Ele se propaga rápido em seu organismo e não perdoa. O câncer de mama é uma doença grave, mas que pode ser curada. Quanto mais cedo ele for detectado, mais fácil será curá-lo. Se no momento do diagnóstico o tumor tiver menos de 1 centímetro (estágio inicial), as chances de cura chegam a 95%. A mamografia é o único exame diagnóstico capaz de detectar o câncer de mama quando ele ainda tem menos de 1 centímetro. Com esse tamanho, o nódulo ainda não pode ser palpado. Lembrando que é importante procurar o médico e realizar os exames preventivos regularmente.

*A “quimioterapia vermelha” é um termo utilizado por pacientes, enfermeiros e médicos em referência a quimioterápicos da classe das antraciclinas, cujos principais medicamentos são a Doxorrubicina e Epirrubicina. O tratamento leva esse nome, pois os medicamentos ganham coloração avermelhada após sua diluição e devido aos seus efeitos colaterais frequentes e temidos, principalmente a queda de cabelo.


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