Curso memória e História teve apresentação do documentário “Juqueri: hospital, ciência e ternura”

O cineasta Diego Hernandez esteve na Casa da Cultura Marielle Franco na terça-feira (19), para falar sobre a produção do documentário “Juqueri: hospital, ciência e ternura”, que foi o trabalho de conclusão dele e equipe, no curso de Rádio e TV da universidade Anhembi Morumbi.

A etapa compôs o curso Memória e História que está reunindo técnicas de pesquisas para produção de acervo cultural.

O curso integra o programa Franco Memória e é ministrado pelo sociólogo Edilson Teles, mestrando em antropologia na USP. Na ocasião, o cineasta detalhou a forma que a equipe responsável pela produção do documentário pesquisou e reuniu as centenas de páginas de documentos, horas de filmagens e outros detalhes que compuseram o trabalho final apresentado à universidade.

Filme

Nos cerca de 30 minutos do filme da equipe liderada pelo cineasta Diego Hernandez, é possível detectar nuances que nem sempre vem à tona quando se fala do hospital psiquiátrico Juqueri, fundado pelo médico psiquiatra Francisco Franco da Rocha em 1898 como Asilo de Alienados do Juqueri.

Nas entrevistas que formam o documentário, historiadores, ex-funcionários, moradores de Franco e até ex-internos do hospital apresentam diferentes versões para um mesmo tema. Sobre a fundação do hospital, por exemplo, o funcionário do Juqueri, Pier Paolo Pizzolato, mestre em Arquitetura, acredita que a escolha de Franco da Rocha para receber um hospital psiquiátrico está diretamente ligada à localização geográfica da cidade, cravada exatamente no meio da macrometrópole paulista – de norte a sul representada por Campinas e Santos e de Leste a Oeste, por Sorocaba e São José dos Campos.

O professor José Parada, detentor de um dos maiores acervos documentais e fotográficos de Franco da Rocha, apresentou outros motivos para a implantação do hospital na cidade. Para o professor, havia uma quantidade muito grande de doentes mentais em São Paulo e não havia acomodações para essas pessoas. Desse ponto, na visão de Parada, teve início o movimento do psiquiatra Francisco Franco da Rocha para trazer para a então Juqueri, um hospital psiquiátrico capaz de atender a demanda da época.

“O doutor Franco da Rocha queria que os doentes mentais tivessem uma vida normal em contato com a natureza porque eles viviam confinados em hospitais em SP e até em cadeias. Ele procurou um lugar com clima bom, água e muita vegetação para construir uma colônia onde doentes pudessem ficar em contato com a natureza”, declarou Parada no documentário.

O projeto de construção do hospital idealizado pelo psiquiatra Franco da Rocha foi assinado pelo arquiteto Ramos de Azevedo e a colônia levantada a partir de 1885 numa área de 150 hectares.

Estudos

Todos os entrevistados no documentários foram unânimes ao falar sobre a importância das pesquisas realizadas por médicos psiquiatras no Juqueri. “O laboratório do Juqueri tinha grande quantidade de cérebros conservados em formol que era para trabalho de pesquisa dos médicos. Vinham muitos médicos de fora fazer pesquisas. Aqui era um centro de pesquisa”, comentou Parada.

“A neuropsicocirurgia começou aqui”, afirmou o também psiquiatra, José Norberto Ramos Leite, sobrinho neto do arquiteto Ramos de Azevedo. “Todos os médicos importantes de São Paulo passaram pelo Juqueri”, afirmou Walmor Piccinini, psiquiatra detentor do maior acervo de psiquiatria do Brasil.

Ternura

Como diz o título do documentário, há trechos em que a delicadeza permeia entre as duras paredes daquele que foi o maior hospital psiquiátrico do Brasil.

O historiador da Universidade Federal de Uberlândia, João Grecco, cujo pai trabalhou no Juqueri, conta que ele morava dentro da área do hospital e, para ir ao pré-primário, era levado por um interno do Juqueri, em quem a família dele confiava muito.

Outro detalhe foi a criação da escola livre de arte, que reuniu obras de pacientes com dons artísticos. “O então diretor Osório Cesar criava exposições e levava pacientes para a Europa”, contou Pizzolato.

“O grande trabalho do Osório Cesar foi olhar pros doentes do Juqueri e enxergar algo mais. Onde as pessoas só viam loucura, miséria, desespero, ele enxergou talentos. E deu início à busca por desenvolver esses talentos”, completou o psiquiatra Piccinini.

Assista ao documentário e conheça outras faces dessa emocionante história, inclusive a influência do ‘pai da psicanálise’, Sigmund Freud no hospital psiquiátrico Juqueri:

(Texto e foto: Adriana Carvalho)


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