CAPS AD de Franco da Rocha atendeu cerca de 380 pessoas em um ano de funcionamento
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas de Franco da Rocha comemorou seu primeiro aniversário na quarta-feira (11) e reuniu frequentadores, ex-frequentadores e servidores municipais da rede pública.
Desde a inauguração, ocorrida em 11 de julho de 2017, 382 pessoas foram atendidas no CAPS AD. Dessas, algumas foram internadas, outras obtiveram altas e tem quem ainda frequente o centro para acompanhamentos.
O CAPS AD é um serviço específico para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas com necessidades em decorrência do uso de álcool, crack, cocaína e outras drogas. O objetivo do centro é oferecer atendimento aos dependentes, realizando o acompanhamento clínico humanizado e a reinserção social pelo acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.
A dependência química é classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como doença crônica – transtorno psiquiátrico. É progressiva e incurável, além de ser um problema social, já que leva o dependente a uma gradativa mudança de comportamento. Pela evolução natural pode levar à insanidade, prisão e morte. Ou ao tratamento e ao controle.
Histórias
“A droga tirou toda a minha essência. Tirou toda a minha vida”, disse Luiz, um adicto que está ‘limpo’ há vários meses desde que começou a frequentar o CAPS AD de Franco da Rocha.
“Comecei a usar drogas aos 12 anos e fui até os 21 anos. É difícil deixar, mas tem que lutar. Passei situações terríveis, mas estou aqui, sem drogas há 10 meses e 11 dias. Precisa do real desejo dentro do coração”, completou Luiz.
Regina, de 50 anos e livre do uso de drogas há quatro meses, também falou durante o evento de aniversário do CAPS AD. “Comecei a usar drogas aos 12 anos e parei com 50. Mesmo frequentando o CAPS, eu saia daqui e ia até as paradinhas brisar. Eu acreditava que tinha muitos amigos e os servia com drogas quando recebia meu pagamento de R$ 900. Aí comprava e dividia. A droga acabava e o dinheiro também. Eu ia pra casa e não tinha o que comer. Eu vendia coisas de casa e também perdi meu marido. Eu não cuidei dele na doença porque estava sempre drogada. Agora estou forte e vou seguindo meu caminho sem álcool e drogas”, destacou.
O desejo que o dependente químico sente, termina com o uso das drogas ou do álcool. Após o efeito, entretanto, o sintoma relatado por eles é a depressão. “A gente usa droga e fica feliz, eufórico”, contou Raphael. “Mas ai entramos no círculo vicioso, porque depois da euforia vem a depressão e, para curar, só usando droga novamente”, concluiu.
“Não aguento mais. Cheguei a enrolar uma mangueira no meu pescoço. Me ajoelhei na rua e pedi ajuda: eu quero parar com a cocaína. Eu quero me reconhecer. Quero saber a pessoa que eu sou. Tenho um filho de 13 anos que está envolvido com maconha. Como eu posso chegar para ele e dizer que esse mundo é ruim? Quem sou eu para dar conselho pra ele? Quero me tratar, quero sair dessa”, disse Daniela, uma moça de 30 anos, recém chegada ao CAPS AD.
Tratamento
Para obter tratamento basta ser morador de Franco da Rocha e comparecer ao CAPS AD, que fica Travessa Mário Cruz, s/n, no centro (em frente a Escola Estadual Domingos Cambiaghi).
No CAPS os dependentes têm à disposição equipe multiprofissional que presta os atendimentos específicos. Esses profissionais são da área de enfermagem, médicos, psicólogos e agentes da área administrativa.
“Além dos atendimentos médicos e acompanhamentos com os profissionais da área, nós fazemos uma série de atividades com os frequentadores”, explicou a gestora do CAPS AD, Elaina Silva. “Sempre com o objetivo da reinserção deles à comunidade”, contou.
Entre as atividades consideradas ‘extra muro’, ou fora do CAPS AD, estão passeios ao Museu do Futebol, palestras relacionadas à Saúde Mental, oficinas de artesanato na Ação Solidária, aula de futebol, visita a Embeleze para corte de cabelo, manicure, caminhadas e eventos no parque municipal Benedito Bueno de Morais, entre outros.
Parcerias
As parcerias com setores diversos da Prefeitura de Franco da Rocha são também a garantia do pleno funcionamento do CAPS AD. “Temos muito a agradecer às secretarias de Cultura – temos professor de teatro; de Assistência Social – pelas oficinas na Ação Solidária; de Saúde, responsável pelos exames, encaminhamentos e outros detalhes dos nossos frequentadores, entre outros agradecimentos”, destacou Elaina.
Evento
No evento comemorativo realizado na quarta-feira (11), o secretário-adjunto de Saúde, José Alexandre Weiller, ressaltou a importância da integração dos diferentes setores do Poder Executivo como forma de proporcionar a reinserção social dos dependentes químicos à comunidade, trabalho e família.
Também esteve no evento, o diretor de Atenção Especializada Urgência e Emergência da rede, João Henrique Primini Lopes, além de servidores da Saúde do Trabalhador e diretoria de gestão em Saúde.
Na festa de aniversário do CAPS, o frequentador Marcelo e sua companheira Nenê apresentaram números de dança. A dupla arrancou aplausos dos expectadores ao encenar a música “Não se vá”, de Jane & Herondy.
“O CAPS AD tem servido de instrumento de transformação na vida de muita gente. Isso é muito gratificante”, encerrou a gestora Elaina.
(Texto: Adriana Carvalho – Foto: Arquivo prefeitura)
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