Judocas de Franco conquistam faixa-preta em Mauá

A conquista da faixa-preta é um dos momentos mais importantes da carreira de um atleta, é o símbolo máximo da persistência e disciplina aplicados numa modalidade esportiva. Para os judocas Isabella Rosa Ribeiro, Andressa Cristina Cabral, Rogério Eduardo Marques, Claudia Marques de Souza Silva e Renato do Espírito Santo foi a realização de um sonho. No último dia 20 eles se formaram faixas-pretas durante o Exame de Graduação 2018, organizado pela Confederação Brasileira de Judô.

Veja fotos dos atletas.

Acompanhados pela sensei Daniela de Jesus, os atletas participaram da avaliação no Ginásio Poliesportivo Celso Daniel, em Mauá, região do ABC Paulista. No local, havia uma grande estrutura montada para receber cerca de 360 candidatos à faixa.

Isabella Ribeiro tem 21 anos e treina desde 2006. Ela conta que fazia balé quando passou a se interessar pelo judô. “Quando vi meu irmão treinando acabei fugindo de algumas aulas de dança só para assistir às aulas de luta. Ficava olhando pela janelinha da sala até que um dia tomei coragem, encarei meus pais e pedi para treinar”, afirma. “Eles aceitaram mas não gostavam muito da ideia”.

A persistência e a paixão ao esporte fizeram com que ela não desistisse. “Minha família se preocupava bastante com a minha integridade física porque o judô é um esporte de contato e eu me machucava muito”, diz ao lembrar que teve que deixar o esporte por quatro vezes em razão da negativa do pai.

A troca de faixa se tornou um dos momentos mais emocionantes de sua carreira. “Minha maior alegria foi ver os meus pais na arquibancada me prestigiando e torcendo por mim, algo que eu sequer imaginava que poderia acontecer”, encerra.

Outro exemplo da força e superação é de Andressa Cabral, judoca de 23 anos que também começou a carreira vendo as lutas do irmão. Ela afirma que enquanto se preparava para a graduação teve uma lesão grave que quase a tirou do tatame. “Quebrei a perna em um treino e tive fratura exposta, fiz duas cirurgias e só voltei a andar depois de um mês e meio porque estava fazendo fisioterapia”.

Para ela o auxílio da mãe foi fundamental para retornar ao judô. “Minha mãe me ajudou em tudo, curativos, banho, transporte. Nos piores momentos eu cheguei a pensar que nunca mais voltaria a treinar”, lembra. “Sentia bastante dor na perna, mas a emoção de treinar novamente e conquistar a faixa-preta foi muito grande. Não tenho palavras para descrever aquele momento. Realizei um sonho”, afirma.

Encontrar-se com o esporte por meio dos filhos, irmãos ou de outras pessoas da família é comum no judô. Muitas vezes os atletas enxergam em quem está mais próximo exemplos de força e superação para treinar.

No caso de Rogério Eduardo foi um reencontro. Treinando há quase uma década ele é faixa-preta em karatê desde os 17 anos. Hoje, aos 47, graduou-se também no judô. O interesse pelo esporte surgiu quando levava o filho para as competições de luta. O filho parou e Rogério seguiu se dedicando ao judô.

Funcionário público, equilibrou durante 5 anos a rotina de treinos com a faculdade de direito, além de dedicar um tempo especial para a família. “Problemas como falta de tempo, lesões e dificuldades acontecem, mas o diferencial é não desistir nunca, pelo amor ao esporte”, afirma.

E amor, dedicação e força nunca faltaram na vida de Rogério. “Valeu à pena. Cada treino, cada momento, os estudos, as lutas. Agradeço muito a todos, especialmente às senseis Daniela de Jesus e Lilian Dias, elas estão sempre ao lado dos atletas, ensinando e ajudando de todas as formas”, afirma.

Claudia Marques também começou no judô assistindo às aulas do filho, que treinava no Centro Social Urbano (CSU) com o sensei Juarez de Jesus. À época ela tinha 35 anos e não imaginava que o judô mudaria sua vida. Após aceitar o convite do sensei para fazer uma aula, Claudia conheceu a filosofia do esporte e decidiu que não pararia mais. “O judô é assim, não tem idade para começar, ele acolhe a todos sem distinção”, explica.

A lembrança de uma das primeiras pessoas a incentivá-la no esporte ainda emociona. “O sensei Juarez sempre acreditou em mim e no meu desenvolvimento no judô. A última faixa que eu recebi das mãos dele foi a amarela e um ano depois estava recebendo a faixa-laranja das mãos de sua filha, a sensei Daniela”.

Dani, como é conhecida pelos judocas, treina desde criança com o pai Juarez, um dos precursores das artes marciais na região. O amor de pai e filha pelo esporte mudou a vida de muitas pessoas.

Claudia nunca pensou que chegaria tão longe com o judô, seu interesse surgiu em busca de qualidade de vida e da oportunidade de estar próxima dos filhos. Dividindo seu tempo entre trabalho como diretora de um colégio em Caieiras, maternidade, carreira e treinos, ela viu na graduação o resultado de todos os seus esforços. “Tive que me organizar muito. Este ano não foi fácil, mas a cada dificuldade eu me sentia mais forte e feliz pela ajuda que recebia, consequentemente me esforçava ainda mais para focar nos meus objetivos”, afirma.

A judoca diz que é muito grata ao apoio do marido, filhos, pais, irmãs e, especialmente a filha Dandara Roberta, que foi sua uke – pessoa que recebe as técnicas e fundamentos básicos na demonstração das lutas. “Ela teve que treinar na mesma intensidade que eu para que pudéssemos conquistar a faixa-preta”, afirma. “Agradeço ainda aos senseis Dani de Jesus, Virginia Crema, Cris Amorim, Ricardo Ozaki, Luiz Alberto do CAT e aos colegas e atletas de treino por cederem seu tempo e seu corpo para que todos pudessem treinar e se aperfeiçoar, cada um em sua fase de desenvolvimento na luta”.

O judô também surgiu de maneira inesperada na vida de Renato do Espírito Santo. Seu primeiro contato com o esporte aconteceu por meio do filho, Gabriel Renato, que frequentava as aulas em sua escola. “Como eu sempre estava no meio das competições e dos treinos o sensei Juarez, que dava aulas para o meu filho, me chamou para participar, mas eu acabei resistindo muito porque em 2001 tive um acidente de moto e fraturei o fêmur. Essa lesão me limitou muito, mas não impediu o sensei de me convidar”, relata.

Qualidade de vida e aproximação com o filho também fizeram com que Renato aceitasse o chamado. Não demorou muito até que o atleta se aperfeiçoasse e ganhasee confiança para começar a competir.

“Eu comecei já com 32 anos e era difícil treinar com os atletas mais novos. Questões relacionadas à idade como disposição, cansaço e dificuldade em acompanhar o ritmo dificultavam muito. Mas nada disso me impediu de continuar”, relembra.

Seu parceiro de treinos ainda hoje é o filho mais velho. Quando está lesionado, com dores ou desanimado, a companhia do garoto e o apoio da esposa Juliana são os incentivos que o fazem persistir. “Meu filho sempre treina comigo, hoje ele é faixa-roxa e está prestes a se graduar para a marrom”. Os ensinamentos da sensei Daniela, que o treina hoje, também foram fundamentais. “A Dani sempre me orientou. Ela passa para nós, atletas, uma força muito grande, tanto no dojo – local onde treinam artes marciais – quanto no particular”.

No dia do exame o judoca sentiu que passava um filme pela sua cabeça. A chegada até aquele momento não foi fácil e toda sua trajetória, vitórias e dificuldades foram parte importante da conquista. “Temos que conciliar família, trabalho, treinos e até as lesões, mas a vontade de continuar é sempre maior e o apoio do meu filho tornou tudo ainda mais emocionante, ele foi meu uke, me ajudou, puxou minha orelha e me fez continuar”, conta.

“Hoje com 39 anos tenho pouco tempo no judô, mas ainda assim, são muitas histórias pra contar. Só de falar tenho vontade de chorar. É muita emoção. Você olha pra faixa e pensa ‘Eu consegui’”.

(Texto: Luana Nascimento – Fotos: acervo pessoal)


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