Um legado: ao longo de seis anos, professor Vander Vinicius mudou a história do esporte no Centro de Convivência

Em quadra, seis para cada lado, e foi assim ao longo de seis anos, incentivando, treinando e se dedicando ao esporte para crianças com deficiência intelectual, física ou mental que Vander Vinicius dos Santos, de 32 anos, deixou um legado no Centro de Convivência (CECO) Vera Lúcia Magagnini Santos, antiga Unidade de Saúde Mental e Reabilitação.

Ao longo desse período o educador físico, integrante da Secretaria de Esporte, estava cedido para trabalhar na Secretaria da Saúde com esse público, encarando os desafios de ser professor de uma turminha muito bacana que estava interessada em aprender mais, se exercitar e, principalmente, se divertir. As aulas com toda certeza mudaram a vida de cada um dos membros do CECO.

Porém, neste ano, Vander precisou deixar sua galerinha e partir para novos horizontes dentro da Secretaria de Esporte, mas nesta sexta-feira (5), o professor voltou ao local para matar a saudade da sua turma e fazer algumas partidas com o pessoal, para ver se não tinha ninguém enferrujado por lá. Veja fotos desse dia

Logo para iniciar, um jogo de vôlei adaptado. A galera estava ansiosa para começar a partida e o primeiro jogo foi vencido por uma das equipes com mais experiência, por um placar de 3×1, um time rápido e bem treinado pelo professor.

Logo depois uma turma intermediária de vôlei enfrentou um time que nunca jogou com Vander. A diferença na recepção das bolas e troca de passes era muita visto que eles não tinham sido treinados. Na sequência foi a vez do futsal e a galera se divertiu muito.

Após os jogos, teve sessão de fotos e todos os integrantes participaram mostrando a união que existe no local.

Sandra Marcia, de 34 anos, atendida na unidade, foi a jogadora em quadra que fez mais pontos. Ela rasgou elogios ao querido professor. “Encontrar ele hoje foi algo muito bom, ele faz aulas muito boas, jogamos vôlei com ele há anos e agora estamos preparados para tudo. Ele é um professor maravilhoso”.

Questionada o que mais gostava de jogar, se vôlei ou futebol, a camisa 5 foi rápida em dizer. “Futebol não é pra minha pessoa, só gosto do vôlei e hoje eu arrasei com tudo, primeira mulher que fez ponto”, brincou.

Sobre o trabalho desenvolvido na unidade

A proposta desse trabalho na unidade foi do próprio Vander, que começou a treinar os atendidos do CECO há seis anos.

No início, sem experiência alguma, ele encontrou muitas dificuldades como relatou. “Eu nunca pensei que fosse trabalhar com pessoas deficientes, não tinha me preparado para isso e quando eu tive essa oportunidade fui buscar aprender”.

Vander contou sobre as formas que conseguiu adquirir conhecimento para atender aos jovens da unidade. “Eu tenho uma irmã, que trabalha com pessoas com deficiência há alguns anos, conversei bastante com ela, que me ensinou muito. Além disso, hoje em dia tem curso, tem internet, tem o Centro Paraolímpico na Bandeirantes onde você pode tirar dúvidas, conversar com os profissionais, ou seja, existem várias formas, e eu aprendi. Graças a Deus fizemos um bom trabalho aqui”.

O profissional do esporte atua na prefeitura de Franco da Rocha desde 2007, foi estagiário e depois promovido pela Secretaria de Esporte. Ou seja, mais de 10 anos dedicado ao esporte no município.

Emprestado para a Secretaria de Saúde em 2013, ele fez seu trabalho com muita dedicação. “Sou um professor feliz, amo o que eu faço e sempre digo que eu não trabalho, eu me divirto, pois meu trabalho não é trabalho, meu trabalho é prazer, é satisfação. Eu tenho orgulho do que faço, tenho orgulho de ser professor de educação física. Já contribui muito para esporte e espero contribuir ainda mais até o resto da minha vida”.

Segundo Vander, antes de assumir a unidade, os jovens eram carentes de atividades físicas, por não terem um profissional que fizesse o direcionamento dos jogos e brincadeiras.

Mas, superando as dificuldades, a cada mês que passava, Vander conseguia a confiança e a dedicação de cada um, o que melhorava a jogabilidade e permitia o jogo acontecer. “Com o tempo, consegui montar as equipes que eu queria, equipe de vôlei iniciante, futebol avançado, turma de ginástica, e a parte de atividade física e recreação, com jogos e brincadeiras”.

Sobre esse trabalho, a coordenadora do CECO, Valéria Paixão, fez apontamentos do quão fundamentais foram as aulas de educação física para as crianças. “O trabalho do Vander e do Centro de Convivência hoje é um trabalho de agregar e de socializar, então o esporte acaba tendo essa coisa de trazer eles para estarem juntos, competir, dá a chance que eles tem de participar de campeonatos, como o InterCaps, competição que fomos campeões em Francisco Morato, graças a esse trabalho dele, desse incentivo, dessa coisa de trazer eles para essa competição, a questão também de qualidade de vida mesmo, o esporte acaba trazendo tudo isso”.

Como dito acima, Vander não era especialista no cuidado com pessoas com deficiência, mas se superou. A coordenadora da unidade também exaltou esse feito de Vander, comemorado como se fosse um gol seu desempenho com os jovens. “Ele veio se adaptando, veio do esporte, algo mais competitivo e mudou um pouco para com nosso público, se adaptou a essa possibilidade de apenas jogar, ensinar, sem a competição de fato. Ele deu força e incentivou nossos jovens a fazer eles irem até além do que eles podiam. Eles se empolgam muito com o Vander, tivemos um grande ganho com ele na equipe”.

Ser campeão

Depois de enfrentar as dificuldades, aprender e treinar as equipes, Vander conseguiu conquistar no ano passado, como disse Valéria, o InterCaps, em Francisco Morato. Leia a matéria.

“O futsal nosso é nível de competição, eles jogam o torneio InterCaps em Campinas, Morato, e em outros locais. No ano passado nós fomos campeões no InterCaps de Francisco Morato. Levantamos o caneco lá depois de três anos lutando, entre terceiro, quarto lugar, semifinal, conseguimos ser campeões”, comemorou.

A vitória no torneio aconteceu após o time sentir o gostinho do título em 2017, quando o InterCaps foi realizado em Franco e, jogando em casa, o time perdeu o título para Caieiras, nos pênaltis.

Uma trajetória de sucesso

Foi isso que Vander conseguiu ao longo de cada dia trabalho no Centro de Convivência e isso fez muito familiar comemorar pelos seus filhos, netos, sobrinhos, entes queridos.

Acompanhando a filha Stefani Condratti da Silva, de 20 anos, atendida na unidade estava o pai, Antônio Carlos Condratti, que elogiou os serviços prestados no local pela prefeitura. “Tudo de bom, eles tentam fazer de tudo para ajudar a melhorar o desempenho da pessoa, ensina minha filha super bem e ela está desenvolvendo coordenação motora por conta dos jogos”.

Sobre o professor também não podiam faltar elogios. “O Vander é um cara bacana, ela se desenvolveu bastante com ele, fica bem incentivada nos dias da aula, sempre quer vir. O CECO é tudo de bom também, teve uma reforma aqui já e antes era mais difícil, os professores e diretores são excelentes”.

A filha, que entrou na partida de vôlei, adorou rever o professor e fazer mais um jogo.

Ela falou sobre a importância da modalidade em sua vida. “Gosto de jogar vôlei, antes de entrar aqui não conhecia ninguém, então aqui fiz amigos. Eu amei jogar”.

Além disso, a competição entrou no sangue de Stefani, que não gosta de perder. “Eu fico triste, prefiro ganhar”, e de fato ela ganhou a partida que disputou.

Fechando com chave de ouro

O ciclo de Vander com o pessoal do CECO se encerrou, e em breve uma professora vai assumir o posto para dar continuidade no seu trabalho com os jovens da unidade.

Ele falou sobre essa trejetória. “É um trabalho que melhorou muito ao longo de cada ano. É nítido ver a diferença nos jovens que estão jogando vôlei, jogando futsal e os que estão no meio do esporte. Então eu saio daqui com a sensação de dever cumprido, eu cumpri minha missão e a professora que assumiu minha função vai dar continuidade. Eu fui muito feliz aqui e sei que ela vai ser também”, afirmou.

Vander continua na Secretaria de Esporte, treinando as turmas de futsal do municipio no CIE.

Recebendo muito carinho dos integrantes da CECO, com o trabalho concluído e um jogo realizado para matar a saudade da galera, o professor fez seus agradecimentos antes de se despedir da galera. “Sou grato a papai do céu que dá o dom para nós, a equipe de comunicação que veio até aqui, as secretarias de saúde, de esporte e a todos do Centro de Convivência. A prefeitura de Franco da Rocha como um todo”.

O amor por Franco também fez parte da sua fala. “Eu amo esse lugar, nasci aqui, espero morrer aqui, espero viver o resto da minha vida trabalhando aqui fazendo o que mais gosto. Tem dinheiro que paga, claro, às vezes você precisa mesmo do dinheiro, mas o amor e carinho conta mais. Eu sou muito grato, estou deixando um legado sim e creio que vão dar continuidade. Essa foi a oportunidade de mostrar nossa turma. Obrigado a todos que fizeram parte disso tudo”.

Hoje, com um filho de 8 meses, Vander é exemplo e poderá contar toda sua trajetória vencedora ao seu pequeno, servindo de espelho e exemplo não só para o seu filho, mas para muitos que estão ao seu redor.

Uma trajetória marcada pelo sucesso, mediante a muito trabalho, estudo e dedicação. Um legado no Centro de Convivência assinado por Vander Vinicius dos Santos.

(Texto: Ewerton Geniseli – Foto: Orlando Junior)


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