Seminário Cultura e Saúde abre 2ª edição do Festival Soy Loco Por Ti Juquery

A 2ª edição do Festival Soy Loco Por Ti Juquery começou na quinta-feira (19), e para abrir um espaço de diálogo sobre arte e saúde mental, bem como a trajetória do psiquiatra Osório César, a prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura, iniciou a maratona de atrações do festival com o seminário “Cultura e Saúde”.

O evento, realizado no antigo ambulatório do complexo, contou com a presença de convidados que atuam com arteterapia e pesquisadores da área, como psicólogos, artistas plásticos e profissionais de diferentes serviços de saúde.

Para a abertura das atividades estiveram presentes a secretária da Cultura de Franco da Rocha, Taiana Garcia; o diretor técnico do Complexo Hospitalar do Juquery, Glalco Cyriaco; o diretor artístico do festival, Victor Fisch e a assessora de projetos da prefeitura, Tassia Toffoli.

Taiana agradeceu a todos os envolvidos no Festival Soy Loco Por Ti Juquery e celebrou a união e parcerias que tornaram o seminário possível. “Nosso trabalho é justamente pra mostrar que a cultura é a nossa grande riqueza, é tudo o que nos traz profundidade e que transforma de verdade o ser humano. Franco da Rocha tem na sua história pontos muitos importantes a serem discutidos, pesquisados e divulgados com relação à cultura e saúde mental. Nossa grande busca é para que, cada vez mais, as pessoas tenham conhecimento de tudo o que foi e ainda é produzido aqui”.

Sob o tema “Museus Vivos e suas Experiências” o artista suíço Tenzin Siegfried, funcionário do Living Museum que faz parte do Hospital Psiquiátrico de St. Gallen Nord, na Suíça, deu início às mesas de debate. Com tradução sequencial para a plateia, o convidado falou sobre o início dos trabalhos na instituição e a filosofia adotada no local.

“No Living Museum nós buscamos manter uma atmosfera livre de estresse para que os pacientes possam ter total liberdade de criar, seja de maneira individual ou coletiva. A quebra de paradigmas ligados à arte também é um dos nossos desafios, queremos que os pacientes se sintam artistas de verdade e que possam viver o próprio processo criativo sem interferências”, relatou.

A mesa, que recebeu apoio do Instituto Goethe, teve ainda a colaboração de Pola Fernandez, artista residente do Museu Bispo do Rosário, do Rio de Janeiro e mediação de Arturo Gamero, artista e curador do Soy Loco Por Ti Juquery.

Conhecendo a história por meio da arte

Mais tarde, o público pôde conhecer um pouco mais sobre obra do psiquiatra Osório César com a colaboração dos pesquisadores Rosa Cristina Maria de Carvalho, Raquel Carneiro Amin e Mauro Aranha. Mediada por Maria Heloisa de Toledo Ferraz, professora aposentada da Escola de Comunicações e Artes da USP, responsável pela organização do acervo que deu origem ao Museu Osório César na década de 80.

A professora iniciou sua fala contando a história do museu que leva o nome do psiquiatra paraibano. Inaugurado em 1985, o local funcionava na antiga casa projetada pelo Arquiteto Ramos de Azevedo, que pertenceu ao Dr. Franco da Rocha, e reunia cerca de 5 mil obras feitas pelos internos do complexo. No entanto, em meados de 1990, o museu acabou relegado pelo Governo do Estado e foi fechado.

“Desde os anos 1920 até 1960, quando se aposentou por pressão política, Osório César se dedicou profundamente ao estudo e divulgação do trabalho com doentes mentais, que ele já chamava de artistas. E foi com a sua ajuda, por meio da Escola Livre de Artes Plásticas, que esse trabalho se tornou conhecido no Brasil e no mundo”, afirmou.

Maria Heloísa compartilhou nomes de algumas personalidades, hoje reconhecidas como grandes artistas, que passaram pelo Hospital do Juquery: Albino Braz, Aurora Cursino dos Santos, Braz Navas, Farid Geber, José Theófilo, João Rubens Neves Garcia, entre outros. “Muitos participaram de exposições no MASP (Museu de Arte de São Paulo), Instituto Moreira Salles e unidades do SESC”, concluiu.

Saúde mental como instrumento de mobilização social

No dia seguinte, as mesas de debate seguiram sob o tema “Práticas contemporâneas do cuidado” com a participação de Décio Cesarini Jr (Ponto de Cultura Maluco Beleza, do Serviço de Saúde Cândido Ferreira, em Campinas), Gladys Schincariol (psicóloga responsável pelo ateliê terapêutico do Museu de Imagens do Inconsciente – RJ), Graziela Kunsch (artista coordenadora da Clínica Pública de Psicanálise), Raphael Escobar (artista atuante na região conhecida como Cracolândia), Paula Karkoski (Centro de Retaguarda do Juquery).

Graziela Kunsch, que coordena a Clínica Pública de Psicanálise na Vila Itororó, em São Paulo, explicou o trabalho de saúde mental realizado em um conjunto arquitetônico (tombado como patrimônio histórico da cidade de São Paulo) que, mesmo ainda em processo de restauração, foi ocupado por moradores e artistas que lutaram para que a vila se  tornasse um centro cultural a céu aberto com atividades gratuitas.

“Nosso grupo é formado por psicanalistas que entendem a importância dos cuidados com a saúde psíquica e que acreditam que isso deve ser acessível a todas e a todos. Enxergamos nesse trabalho uma ligação com a cultura e com a ocupação dos espaços públicos. No local, são realizadas cerca de 390 sessões terapêuticas individuais e coletivas seja para os antigos moradores da vila ou para quem precisa de atendimento”, descreveu.

Finalizando o evento, trabalhadores da Secretaria da Saúde e Assistência Social, além d e usuários da rede de atenção psicossocial de Franco da Rocha participaram de uma roda de conversa com o público para falar das experiências de atenção à saúde mental realizadas no município. 

Famoso pintor da cidade, Antônio Rosas Satílio, frequentador do Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), expôs suas obras na parede do Ambulatório do Juquery, local onde foi realizado o seminário. Dividindo o espaço, desenhos feito pelo artista plástico e aluno das oficinas oferecidas pela Secretaria da Cultura, também decoravam o ambiente.

Texto: Luana Nascimento – Foto: César Iury/Gabriela Saça/Luana Nascimento


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