2º Festival Soy Loco por Ti Juquery mobiliza o público com arte e diversão
O 2º Festival Soy Loco por Ti Juquery aconteceu entre os dias 19 e 22 de setembro e reuniu diversas atrações abertas ao público, resgatando memórias que o tempo tentou apagar, mas que ainda estão guardadas na história da cidade.
A prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura, em parceria com a Trapézio Produções Culturais, promoveu o festival no intuito de propor uma ocupação cultural no Complexo Hospitalar para trazer um novo significado ao espaço. O projeto foi contemplado pelo ProAC (Programa de Ação Cultural) ICMS e recebe patrocínio da Oi e apoio cultural do Instituto Oi Futuro.
Foram mais de 50 de atrações que incluíram performances musicais, visitas guiadas, exposições de arte, feira de artesanatos, seminários, contação de histórias e muito mais.
O que não faltou foi música para embalar os convidados, que curtiram o som do bloco da “Casa Velha” logo na abertura do festival. A banda puxou um cortejo da estação de trem da cidade, até ao Juquery, ao som de ritmos tradicionais brasileiros, como o maracatu de baque virado, samba-reggae e muito mais.
A batida envolvente do grupo musical Feminine Hi Fi, também acrescentou ritmo e reflexão à primeira noite da programação, projetados na temática da valorização da mulher no contexto atual, fazendo todo mundo dançar ao som de muito reggae.
Levando ao público culinária, artesanato e produtos orgânicos, a Feira Juquery Art Vila comandou a área gastronômica do evento. O projeto é uma parceria com a Secretaria de Assistência Social do município e compõe um dos eixos do Programa Municipal de Fomento à Economia Popular e Solidária de Franco da Rocha, que incentiva pessoas de baixa renda a se tornarem empreendedores solidários.
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O Jardim do Ambulatório se tornou palco para a celebração da cultura hip hop. O local recebeu Pancho Trackman e DJ Nato _ PK, artistas fazem parte da Beatbrasilis Orquestra e da banda do MC Max BO; coletivo dos MCs e Beat Boxers WuTremClan que atua nas linhas do metrô e da CPTM na cidade de São Paulo e para finalizar, aconteceu o show do coletivo Caos do Subúrbio, grupo de Hip Hop de Franco da Rocha.
Uma das atividades mais aguardadas do Soy Loco era a roda de conversa com os artistas residentes. O bate papo aberto que reuniu os 8 selecionados pelo festival, eles desenvolveram um trabalho artístico em uma residência que durou 12 dias, resultando em obras com diferentes estilos visuais, cênicos, musicais, performáticos e audiovisuais.
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No encontro eles falaram sobre suas experiências durante processo de imersão, que teve como principal tema o Complexo Hospitalar do Juquery, trazendo fatos do passado que se coincidiam com o presente, mas que por meio da arte proporcionaram diferentes perspectivas da história do Juquery e seus significados.
Sanidade e loucura
Arte interativa, aberta e dinâmica foi um dos pontos altos do festival com a vivência “Não se trata de curar: 133 conselhos”, de Juliana Jardim e Luiz Pimentel. A atividade aconteceu na recepção do antigo pronto socorro do hospital e reuniu traduções de 133 pequenas fórmulas textuais da obra “Semente de crápula – Conselhos aos educadores que querem cultivá-la”. O texto foi redigido por todo o espaço para a leitura do público.
Enquanto assistia à contação de história “Causos no Juquery – histórias para serem contadas” do professor Ednaldo Carmo, a jovem Beatriz Motta contou que saiu de São Paulo com os amigos para conhecer o festival. “Eu me preparei para vir, chamei uns amigos. Acho muito legal conhecer o Juquery de perto, tenho parentes em Francisco Morato e já ouvi tanta história sobre o hospital. Não esperava que fosse tão grande e tão bonito. Acho muito boa a ideia de trazer cultura pra um lugar como esse”, frisou.
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Em sintonia com o clima do Complexo Hospitalar, as artistas Ana Moraes e Denise Aires fizeram a leitura de uma obra clássica de Machado de Assis, “O alienista”. Acomodadas na escadaria do jardim do relógio, as duas recitavam para o público a história do personagem Simão Bacamarte, um médico que cria a Casa Verde, um local para estudar a mente humana de maneira inusitada.
Neste ano, o festival ocupou a maior parte do espaço do complexo com oficinas, apresentações teatrais, vivências e contação de história. Entre os locais mais visitados estiveram o jardim do relógio, o antigo ambulatório, as galerias, passarelas e uma das varandas dos galpões, que foi transformada em palco para receber atrações musicais, uma delas foi a banda Vitoriano e seu Conjunto.
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A sétima arte também foi contemplada pelo público do Juquery com o curta-metragem “Stultifera Navis” e o clássico longa ganhador do Oscar de Melhor Ator, “Um Estranho no Ninho”. Ambos os filmes, cada um sua em proposta, abordam a temática psiquiátrica e os múltiplos conceito da loucura.
Luta por igualdade, herança cultural e identidade
Ana Flavia Cavalcantti levou crítica social e luta por igualdade na performance “Serviçal”. A artista convidou negros e negras que participavam da plateia a contarem suas histórias de trabalho, mesclando com depoimentos colhidos no trabalho “A babá quer passear”. A ideia é tecer uma crítica contundente às condições das empregadas domésticas no Brasil, além de provocar a reflexão acerca do trabalho doméstico e todas as subjetividades que o envolve.
“Outras portas, outras pontes”, é o nome do espetáculo de dança apresentado pela Cia Sansacroma que propôs ao público do jardim relógio um olhar sobre o apartheid existente no Brasil, quando negros operários são tratados como sub-cidadãos e os espaços físicos geram separações de classes numa cidade miscigenada, explorando questões como herança cultural e identidade do brasileiro.
Brincadeira e diversão
O público infantil não ficou de fora da programação do Soy Loco, que ofereceu atrações lúdicas como o teatro “Delírios, Sombras do Insciente”, que utilizou a própria arquitetura do Juquery como cenário para criar belas figuras no melhor estilo luz e sombra. O espaço educativo contou com a presença de artistas locais como Fabio Dasher e Edmar Almeida para conduzir a criançada na criação de fantasias e cenários criativos. E teve ainda teatro de palhaços, contos e oficinas.
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Unindo fanfarras, bandas e marchinhas de carnaval, a Charanga do França convidou o conjunto Cornucópia Desvairada e a Fanfarra Manada para tocarem clássicos do rock, da música popular brasileira e os clássicos do brega. Como não poderia ser diferente, o público seguiu as bandas para dançar, cantar e fazer lindas fotos para as redes sociais.
A senhora Ana Maria Oliveira da Silva que trabalha há mais de 30 anos no Juquery, relata como fica feliz em ver o local repleto de pessoas.
“Eu já sou aposentada, mas continuo trabalhando porque tenho um carinho muito especial pelo Juca. Trabalhei em muitas áreas dentro do complexo e conheci muita gente. Os meus filhos não saíam daqui, meus netos também. Eu tenho 15 netos e 5 deles nasceram aqui no hospital”, relembra.
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Enquanto assistia à apresentação musical, Ana Maria encontrou uma antiga companheira de trabalho, a senhora América Lima.
Com 80 anos, América conta que conhece o Juquery como ninguém. “Conheço de ponta a ponta, mesmo não sendo franco-rochense”, diz entre risos. “Eu nasci em São José do Rio Preto, prestei concurso para trabalhar de copeira, passei e me mudei para o Parque Vitória. Aqui eu me casei, tive todos os meus filhos no Juquery e só me aposentei porque completei 70 anos e não pude mais continuar. Aqui é minha vida, a história da minha família está nesse lugar, em cada pedacinho. Morro de saudade do Juquery. É muito bom estar de volta”.
E no finalzinho do festival, o apagar das luzes ficou por conta do ícone da música caipira da região, o violeiro Ranulpho Faria. Acompanhado da Orquestra de Viola Caipira de Franco da Rocha ele tocou os clássicos de seu repertório que já fazem parte do imaginário dos franco-rochenses. Assim como a célebre frase que dá nome ao festival e é de autoria de Ranulpho: Soy Loco Por Ti, Juquery, uma referência ao conceito de loucura, indissociável da história do Complexo Hospitalar, mas que a cada edição ganha um novo significado.
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Texto: Danielle Magalhães e Luana Nascimento – Foto: Luana Nascimento
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