Dia da Consciência Negra: Projeto Ègbé Alágbará resgata cultura afro-brasileira no Centro Cultural
Resgatar e fortalecer a cultura afro-brasileira por meio de oficinas de dança, literatura, moda, culinária e música, essas são as diretrizes do Projeto Ègbé Alágbará. Contemplada pelo ProAC Municípios para Franco da Rocha, a iniciativa atuou durante os finais de semana de agosto e setembro nas escolas estaduais Azevedo Soares e Benedito Aparecido Tavares.
Após dois meses de projeto, o encerramento das atividades aconteceu no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e a comemoração reuniu mais de 100 pessoas entre oficineiros, organizadores e púbico participante no Centro Cultural Newton Gomes de Sá.
Idealizado pela Iyalorixá e presidente da Associação Cultural Afro-brasileira (Acafro), Iyá Tânia de Lima, com o apoio da prefeitura, por meio da Secretaria da Cultura, o Ègbé Alágbará recrutou oficineiros habilitados para trabalhar a temática africana e seu vasto universo histórico-cultural.
Toda essa estrutura foi levada ao Centro Cultural para resgatar e valorizar elementos que hoje fazem parte da cultura brasileira e que tiveram influência na cultura africana.
Segundo Iyá Tânia, Ègbé Alágbará significa sociedade ou comunidade em iorubá. Ela conta que como sacerdotisa de religião de matriz africana conviveu desde criança com o preconceito. “Minhas netas também sofreram com isso e chegaram a não querer ir para o colégio por causa de piadinhas e apelidos”.
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“O projeto atuou em muitas frentes, como moda, culinária, literatura, dança. No primeiro momento as pessoas ficaram curiosas, queriam saber do que se tratava, mas depois, nós conseguimos alcançar a comunidade e muita gente quis participar. Desmistificamos cada um dos preconceitos. Mostramos que macumba é um instrumento musical feito de madeira de árvore, e não uma religião. Eu sou atenciosa, gosto de conversar e se for preciso farei isso sempre.”, completou Iyá Tânia.
A abertura do evento contou com a participação da secretária de cultura Taiana Garcia, que além de comemorar a realização do projeto, encantou o público com canções que homenageavam a beleza dos orixás.
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Em seguida, a plateia assistiu a uma apresentação de maculelê feita por mulheres participantes do projeto. Expressão teatral que mescla dança e luta, o maculelê iniciou suas manifestações na Bahia, no entanto, sua origem remonta a tribos afro-brasileiras e indígenas. Por meio de danças e cânticos, o maculelê conta a lenda de um jovem guerreiro que conseguiu defender sua tribo usando apenas dois pedaços de pau.
Resistência e preservação cultural
Como não poderia faltar, a capoeira foi um dos destaques da noite. Comandada pelo Contramestre Euclides Brito, a roda era composta por homens, mulheres, jovens e crianças de diversas escolas de capoeira da região.
De acordo com Euclides, um dos objetivos da capoeira é resgatar a cultura afro-brasileira e fomentar valores sociais e humanos numa comunhão. “Aqui não temos rivalidade, apenas união. Capoeira é para somar e não dividir”, afirmou.
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Reconhecida em 2014 como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a capoeira já chegou a ser proibida no Brasil. Mistura de luta e dança, foi criada pelos escravos como uma forma de resistência e de preservação das tradições culturais africanas. Hoje, é consolidada mundialmente como uma das manifestações mais expressivas da cultura brasileira.
A culinária como ferramenta de resistência
Enquanto as apresentações aconteciam, era possível sentir o aroma que vinha da cozinha do Centro Cultural. O cheiro dos temperos, em especial do azeite de dendê, despertava a fome do público.
A culinária africana é vasta, rica e diversa. Muitos pratos saboreados no Brasil levam ingredientes típicos da cozinha africana. Além disso, a culinária é uma ferramenta de socialização, preservação da identidade e de ligação com a ancestralidade dos povos africanos.
Para compartilhar essa herança cultural com a plateia, Iyá Tânia e outras participantes do projeto serviram um delicioso acarajé, preparado na hora e servido ainda quentinho.
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Márcia Dias contou que estava em frente ao Centro Cultural esperando a filha, que é aluna de umas das oficinas de dança oferecidas pela Secretaria da Cultura, quando sentiu o cheiro do acarajé sendo frito. “Eu não resisto a um acarajé. Preparado na hora então… não tem nada mais gostoso”, disse sorrindo.
Sobre difundir os elementos da cultura afro-brasileira, Márcia diz que acredita que ações como essa são fundamentais para que os jovens conheçam suas raízes. “Como nós brasileiros somos uma mistura, acabamos não valorizando os elementos africanos, por preconceito ou porque simplesmente não temos conhecimento. É importante que todo mundo aprenda e passe pra frente essas informações”, frisou.
Os acessórios de moda e beleza também fizeram parte da programação e foram exibidos em um desfile no palco. Na passarela, entre tecidos estampados em cores vivas e apetrechos cheios de estilo, destacavam-se também lenços e turbantes coloridos que enfeitavam tranças e penteados.
Texto: Luana Nascimento – Foto: Orlando Junior
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