“Eu venci a Covid-19”: Keli Rodrigues, paciente recuperada do Coronavírus, conta como superou a doença
Desde o primeiro caso de Covid-19 registrado em Franco da Rocha, as medidas adotadas para enfrentar a doença tiveram como objetivo assegurar atendimento à população e conter a disseminação do vírus. O município já registra mais de 450 pessoas recuperadas e cada alta hospitalar é marcada por momentos de emoção e alegria para centenas de famílias franco-rocheneses.
É o caso da Keli Aparecida Rodrigues, de 30 anos, moradora do Jardim Luciana. Mãe de dois filhos, ela conta que sentiu fortes dores de cabeça e no corpo no início do mês passado. Após a piora dos sintomas, com acréscimo de coriza e dor nos olhos, ela procurou o Hospital de Campanha da cidade.
Montado no Parque Municipal Benedito Bueno de Morais, o hospital funciona como um Centro de Observação e Triagem para receber pacientes acometidos pelo Coronavírus com sintomas leves a moderados, encaminhados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), ou que procuram diretamente pelo serviço. Com 40 leitos, atualmente a unidade está com 75% de sua capacidade ocupada e possui 150 profissionais para funcionar 24 horas por dia.
“Fui muito bem atendida. Logo que cheguei, o médico me encaminhou para fazer tomografia e, em seguida, fiz o teste para Covid-19. Como meu pulmão estava limpo, a recomendação foi de seguir tomando medicação e ficar em isolamento, o que para mim foi muito difícil porque tenho dois filhos, um deles ainda é pequeno. Não poderia arriscar e segui todas as recomendações porque sou o alicerce da minha família”, detalhou.
Isolada em casa, sem contato com os filhos, Keli teve acompanhamento constante da Vigilância Epidemiológica de Franco da Rocha e foi por eles que recebeu a confirmação de que havia testado positivo para a Covid-19. Com a evolução da doença, ela lembra que as dores eram indescritíveis e que teve muito medo e ansiedade ao sentir falta de ar. “Era uma mistura de medo, fé e esperança. Graças a Deus, minha filha de 14 anos esteve sempre ao meu lado, cuidando de mim”.
No domingo, 10 de maio, dia da mães, Keli ainda estava em isolamento e lembra que passou a data vendo os filhos através da janela do seu quarto. “Não podia receber sequer um abraço. Vi meu filho, de 4 anos, chorando querendo estar perto de mim, mas para o bem-estar dele eu tinha que ficar longe. Foi a primeira vez na vida que me afastei”, relatou.
Sobre a recuperação, a mãe afirma que o processo foi gradual. Aos poucos, a medicação amenizava as dores e a falta de ar, e ela faz questão de agradecer o trabalho dos profissionais de saúde da cidade. “Não tenho palavras para descrever. Procurei o Hospital de Campanha e confiei que teria o tratamento correto lá; fui recebida com respeito por uma equipe maravilhosa e positiva”.
Ao deixar o isolamento, Keli conta que sua primeira inciativa foi procurar atendimento médico novamente para receber orientações de como proceder para assegurar a saúde dos seus filhos e não contaminá-los. O pensamento como paciente recuperada, segundo ela, era voltado à conscientização das pessoas para que todos entendessem que a doença é muito séria e que a população precisa colaborar para que possam vencer a pandemia e voltar à vida normal.
“Não foi fácil. Até hoje eu ainda me olho no espelho e não acredito que venci essa doença. Acho que o amor de mãe foi mais forte, o desejo de abrir a porta do quarto e poder abraçar meus filhos foi maior que qualquer dor. Minha vontade era sair gritando por aí: “eu venci'”.
Texto: Luana Nascimento – Foto: Arquivo pessoal
