Documentário “Franco da Rocha – Origens e Destinos” reconstrói a história do município a partir de relatos de moradores

A beleza de ser franco-rochense é ter a capacidade de se apropriar do passado para viver o presente e construir algo bonito para o seu futuro. A frase, dita pelo Secretário Municipal da Fazenda e cientista social, Alexandre Chaves, marcou a estreia do documentário “Franco da Rocha – Origens e Destinos”, produzido por meio de parceria entre a FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo) e a Secretaria Municipal de Cultura.

Apresentada pelo sociólogo e pesquisador franco-rochense Paulo Silvino, a exibição aconteceu na última segunda-feira (30), em formato online transmitido pelo Youtube e Facebook da Prefeitura e em uma sessão especial no anfiteatro Ubirajara Ferreira Braga, localizado na extensão do Museu de Arte Osório Cesar (MAOC), em comemoração ao aniversário de 76 anos do município.

Com direção de Arthur Roessle e Gui Rampazzo e roteiro de Gui Rampazzo, a obra narra, por meio de depoimentos de moradores, aspectos centrais da formação e trajetória de Franco da Rocha. O documentário dá voz a ex-funcionários do Hospital do Juquery, antigos moradores, professores, artistas, pesquisadores e outros grandes protagonistas da história da cidade.

O prefeito Kiko Celeguim participou remotamente da exibição e falou sobre a obra. “Quero parabenizá-los pelo trabalho de pesquisa que vocês fizeram, que será objeto de estudo para muitos cidadãos. É muito importante assistir a esse resgate da nossa história, especialmente agora que vamos fechar a gestão com a entrega desse grande patrimônio, que é o Museu de Arte Osório Cesar”.

O que seria daqui se não fosse o Juquery?

De região de grandes fazendas, rota dos bandeirantes que iam rumo a Minas Gerais, ao sítio Borda da Mata, vendido para a antiga Estrada de Ferro São Paulo Railway, Franco da Rocha teve sua trajetória totalmente modificada em 1885, com a instalação do Hospital Psiquiátrico do Juquery.

Partindo da construção do hospital, o documentário percorre o pioneirismo da instituição, que chegou a ser a maior da América Latina, especializado em recursos que, para a época, eram considerados os mais inovadores tratamentos psiquiátricos do Brasil.

Franco da Rocha cresceu e se desenvolveu em torno do hospital e, aos poucos, a história da cidade foi se entrelaçando com a vida dos pacientes e funcionários. “Nesse contexto, loucura talvez não tivesse essa cara feia, que existia no imaginário de quem é de fora da cidade; para o franco-rochense não tinha esse contexto”, ressalta Paulo Silvino.

Carregando por anos o estigma de “cidade dos loucos”, o município viveu um momento revolucionário, tanto para sua história quanto para os estudos da psiquiatria. Nos anos 20, o Juquery recebeu o anatomopatologista e crítico de arte Osório Cesar para trabalhar em suas dependências. O médico passou a estudar as atividades artísticas produzidas pelos pacientes, eram materiais esculpidos em miolo de pão, desenhos feitos nas paredes, em papel e papelão. Mais tarde, César fundou a Escola Livre de Artes Plásticas (ELAP) e hoje, parte desses trabalhos estão expostos no Museu de Arte de Osório Cesar, localizado no Complexo Hospitalar do Juquery.

Orgulho de franco-rochense

Reconhecida por receber bem a todos que vinham de fora, a cidade acompanhou um processo migratório nacional de nordestinos, nortistas e pessoas de diversos lugares do Brasil e do mundo, que saíam de suas regiões em busca de trabalho em São Paulo. A facilidade apresentada pela linha de trem e pela proximidade com a capital, trouxe milhares de pessoas para a região. Esses trabalhadores recém-chegados contribuíram para a formação da identidade do município, que preserva até hoje a cultura tradicional dos que chegaram aqui, como a Romaria rumo à Pirapora do Bom Jesus, Festa de Santa Cruz dos Valos e a Festa de São Gonçalo.

“Franco da Rocha é uma cidade que acolhe todo mundo que vem de fora, é uma cidade que tem o coração do tamanho do mundo”, afirma o romeiro Junior Marques, entrevistado do documentáro.

O filme aborda, ainda, a questão das enchentes e a resiliência dos moradores que, por muitos, anos tiveram que superar perdas provocadas pelas chuvas. Dia 25 e janeiro de 1987, foi a data da pior enchente pela qual a cidade já passou. “Acabou o mundo, foi um dilúvio, uma chuva brutal. A cidade ficou isolada. Havia lugares que só poderiam ser acessados por helicóptero. Mas nós também recebemos a solidariedade de muitas pessoas. Foi muito triste, relata emocionado Widerson Anzelolotti ao lado do pai, Altino Anzelotti.

Ao final, da exibição online, Paulo Silvino, Arthur Roessle, Gui Rampazzo e Alexandre Chaves realizaram uma conversa sobre a produção do documentário e agradeceram a todos que contribuíram para a realização do projeto.

Questionado sobre o é ser franco-rochense, o diretor e roteirista Gui Rampazo acredita que o franco-rochense carrega muitas contradições. “Eu acho que o franco-rochense é um ser contraditório porque carrega com ele esses desafios e conquistas, problemas e soluções. A cidade tem o lado urbano, o rural, que criam contradições interessantes de conhecer, assim como o Juquery, um lugar que já passou por histórias tão tristes, mas que ao mesmo tempo é um patrimônio histórico, arquitetônico e científico para o país”, disse.

Quem perdeu a exibição do documentário, poderá acompanhar no recém-inaugurado anfiteatro Ubirajara Ferreira Braga, localizado na extensão do Museu de Arte Osório Cesar (MAOC). Confira as datas:

Anote na agenda

Documentário “Franco da Rocha – Origens e Destinos
Sexta-feira, dia 4 de dezembro – às 17h30 e 21h
Sábado, dia 5 de dezembro- às 20h30
Domingo, dia 6 de dezembro – às 17h e 21h
Local: Anfiteatro Ubirajara Ferreira Braga – Museu de Arte Osório Cesar (MAOC)
Endereço: Complexo Hospitalar do Juquery – Av. dos Coqueiros, s/n, Centro – Franco da Rocha

Texto: Luana Nascimento – Foto: FESPSP


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