No aniversário de Osório Cesar, Prefeitura relembra a trajetória do médico e intelectual que marcou a história da cidade

Em meio às comemorações dos 77 anos da cidade, Franco da Rocha também celebra o aniversário de Osório Cesar, precursor dos estudos da arteterapia, que teve início através dos grandes trabalhos artísticos desenvolvidos com os pacientes do Juquery. Osório Thaumaturgo Cesar, artista, escritor, músico e médico marcou a história da cidade com pioneirismo e generosidade.

Nascido em 1894, na Paraíba, Osório chegou em São Paulo por volta de 1912 sendo integrante do conjunto musical “Pessoal de Lira”. Dedicado ao violino, ficou conhecido como exímio violonista dos saraus que aconteciam na Universidade Livre de São Paulo (ULSP), onde cursou Odontologia, mas não chegou a exercer, por ingressar nos estudos de Medicina. Contudo, a situação política da época (1917) interferiu nas atividades da ULSP, tendo que fechar as portas. Assim, César teve que transferir seu curso de medicina para a Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro.

Anos mais tarde, em 1923, Osório chega a cidade de Franco da Rocha, integrando o quadro de médicos-internos do Hospital Estadual do Juquery. Oficialmente, em 1925, já formado em anatomopatologia atuou por anos com a arterapia como recurso de tratamento, sendo um dos opositores aos métodos de tratamentos agressivos que ocorriam na época.

O Juquery e a arte

O médico integrava o círculo intelectual da cidade de São Paulo, onde exercia grande influência sobre a arte da época. Nesse mesmo período ele passa a conviver com outros artistas através de residências, cafés, ateliês e galerias.

Segundo a jornalista e educadora, Regiane Mendes, Osório também teve contato fiel com Lasar Segall. “Lasar e Osório realizaram residência artística no complexo do Juquery, mas Osório também participou de atividades e recebeu visitas de muitos outros artistas em Franco da Rocha, como Niobe Xandó, Flávio de Carvalho, Maria Leontina, Alice Brill e Aldo Bonadei”, revelou Regiane.

Entre encontros artísticos na carreira do médico, está a relação com a psiquiatra Nise da Silveira. A alagoana e o paraibano viveram na cidade do Rio de Janeiro na época que Osório cursava medicina. Os pensamentos de Nise e Osório iam além de uma perspectiva puramente médica, ambos tinham afinidade com o marxismo e o comunismo, além de estudarem sobre a força que atividades expressivas, como a arte, poderiam ter no âmbito da saúde mental. Nise se dedicou ao estudo da arte como terapia e registrou em seu livro carinhosamente chamado de “Benedito”, dedicando uma página ao amigo Osório Cesar, que lhe foi um dia referência. A psiquiatra produziu livros e artigos no Complexo Hospitalar do Juquery, para destacar o pioneirismo do médico na introdução da arteterapia.

Ainda na década de 1930, Osório também atuou como crítico de arte em jornais da época pela cidade de São Paulo, como Folha da Noite e Folha da Tarde. No mesmo período, Osório viveu um breve romance com a artista Tarsila do Amaral. Viajaram juntos para a Europa por cerca de um ano, e por lá, realizaram uma exposição no Museu de Arte Ocidental de Moscou.

Segundo Elielton Ribeiro, técnico em museologia, Osório seguiu em seus estudos teorias freudianas para subsidiar as expressões livres do subconsciente por meio dos trabalhos artísticos. “Inclusive Sigmund Freud e Osório trocaram correspondências por cartas, sendo reconhecido como um dos principais interlocutores brasileiros de Freud”, afirmou o técnico.

Desta forma, Osório criou a Oficina de Artes Plásticas, na qual defendia o trabalho livre dos internos do Juquery na escolha das temáticas, técnicas, matérias e a mínima interferência de orientadores. Em 1933, ao lado do artista Flávio de Carvalho, organizaram a “Mês dos Loucos e das Crianças”, um evento baseado na produção e exposição de desenhos de alunos das escolas públicas e particulares de São Paulo e de obras dos artistas-internos do Juquery.

O evento ocorreu no Clube dos Artistas Modernos (CAM) em São Paulo, episódio que marcou a trajetória franco-rochense do médico, afinal, anos mais tarde, Osório fundaria a Escola Livre de Artes Plásticas (Elap) do Juquery, nas quais os pacientes produziam diversas atividades artísticas: desenho, pintura, escultura e modelagem em argila e cerâmica.

Por fim, Regiane Mendes explica que em 1964, Osório sofreu uma aposentadoria compulsória, e desde então permaneceu vivendo na cidade dedicando-se à leitura e aos estudos até sua morte em 1979 quando faleceu e foi sepultado no Cemitério Municipal de Franco da Rocha, onde permanece em seu túmulo até hoje.

Museu de Arte Osório Cesar

Para reunir os trabalhos realizados nos antigos pavilhões do hospital, em 1985, foi inaugurado no Juquery um museu que levava o nome do médico. No entanto, depois do incêndio que atingiu o prédio administrativo do complexo, o local foi fechado.

Em homenagem ao revolucionário médico, músico e crítico de arte, o Museu de Arte Osório César (MAOC), foi reaberto após 35 anos da criação de sua primeira versão e, hoje conta aproximadamente oito mil obras, entre ilustrações em tela, desenhos em papel e pinturas em cerâmica, feitas por artistas-internos do Complexo Hospitalar do Juquery.

O museu chegou a marca de dez mil visitas no mês de agosto. Desde sua abertura, o MAOC vem participando de atividades educativas, por meio de visitas dirigidas e recebendo grandes personalidades, como o jornalista Carlos Tramontina, o Cônsul Geral da Alemanha no Brasil, Dr. Thomas Schmitt, os diretores da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Jochen Volz, Paulo Vicelli e Marcelo Dantas, que puderam conhecer brevemente sobre a diversidade de obras expostas no local. Além disso, neste ano, o museu também foi palco da programação da 4º edição do Festival Soy Loco Por Ti Juquery.

Texto: Bianca Monteiro e Heloísa Maia – Arte: Dalmir Junior


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