Tablado Juquery “Marcos da Silva Rabello” recebe espetáculo teatral A Guerra Mais ou Menos Santa, de Mário Brasino

“Eu vou fechar essa casa nem que seja na bala! Na bala! Ouviu bem? Eu vou fechar esta casa nem que seja na bala!” Esta é uma das frases de padre Neto, personagem da peça “A Guerra Mais ou Menos Santa”, obra de Mário Brasino que foi apresentada pela turma de teatro do professor André Arruda, no último final de semana, no Tablado Juquery “Marcos da Silva Rabello”.

A trama, apresentada por meio da Secretaria da Educação e Cultura, se passa na pequena cidade fictícia de Jatiqueri e os cenários apresentados ao público são a sacristia de uma pequena igreja, a sala de espera de uma pensão, que também é um bordel, e a sala do prefeito da cidade.

Filó é dona de um bordel e a personagem principal da história, ela passa todo o enredo lutando para que o seu negócio não seja fechado por Juca, prefeito da cidade, que é manipulado por padre Neto. O vigário precisa garantir sua sucessão na cidade, mas para isso tem que garantir que “a casa do pecado” feche as portas.

Ao longo da trama o padre desfere ameaças ao prefeito: “Mas tem uma coisa, seu Juca. Tem uma coisa, não se esqueça. Eu represento um poder maior que o seu. Um poder que não é desta terra. Se o senhor me desprestigiar nesse caso, eu retiro meu apoio ao seu candidato”, garante o padre ao prefeito.

E é nesse clima que a peça fazer o público escolher e se questionar sobre o lado que apresenta a melhor conduta, o padre, figura religiosa que quer fechar as portas do bordel, Filó que precisa manter a casa aberta para garantir um teto às mulheres que trabalham para ela, ou o prefeito que quer garantir que o candidato do partido ganhe a próxima eleição.

Pedro Lizardo, é o ator dá vida ao padre Neto e diz que é muito gratificante ter a oportunidade de apresentar algo ao público de forma a instigar o pensamento crítico “Tentei mostrar ao máximo a hipocrisia no meu papel, fazendo referência aos casos que acontecem no país com figuras religiosas. Misturar política com religião é sempre perigoso, mas infelizmente, existem muitos exemplos. Para mim, foi uma grande oportunidade”, comentou o ator.

Texto: Khananda Beatriz – Foto: César Iury